02/01/24 Publicado em NOTÍCIAS
Se fosse uma árvore, o Prof. Paiva escolheria ser um Embondeiro (Adansonia digitata Lineu), uma árvore milenar, única do continente Africano e comum em Angola, onde o professor nasceu; “uma árvore esquisita com uma estrutura única, barriguda, pela água que retém, que aguenta os mal-tratos, a seca, tudo!”. De facto, olhando mais atentamente para uma das árvores mais antigas que habitam o planeta, vi a longevidade e resiliência do Professor, que com os seus 90 anos, se deslocou sozinho de Coimbra a Ourém (a convite do projeto CCVnE Robociência no AECO, no assinalar do Dia da Floresta Autóctone), para nos brindar com uma aula cativante que nos transportou para as suas expedições pela Amazónia e outros lugares, onde a Natureza lhe revelou algumas das suas maravilhas que o coração o fez procurar e ver! Tudo para nos lembrar o quanto dependemos da Floresta e de toda a Biodiversidade que nela surge: como fonte de alimento, água e medicamentos; como fábrica do oxigénio que respiramos e como depurador do ar e forte aliado na luta contra as alterações climáticas, ao consumir o dióxido de carbono atmosférico produzido nas atividades humanas. Estaremos realmente conscientes que cuidar da Floresta e de todos os seres vivos, é cuidar de nós e da nossa sobrevivência?
À sombra do velho Embondeiro, os olhinhos dos alunos das três turmas do 2.º ciclo e dos 24 ecodelegados da escola sede, mal pestanejaram e sorriam admirados com as suas histórias, como a experiência de viver nú na Amazónia, bebendo água do rio, comendo o que via os macacos comer e curando as mordidas de insetos na pele aplicando-lhe urina em cima. 
Foi uma lição de ciência e pedagogia seguida pelos 9 professores presentes e o olhar emocionado da nossa assistente operacional Ana João, que fez trabalho de campo de investigação com o Professor em Timor e nos assegura que assim é.
Vários alunos estrangeiros do Brasil, de Moçambique, de Angola e também de S. Tomé e Princípe quiseram ainda ficar no final da palestra para assistir a um pequeno filme sobre a Amazónia para continuar a beber da água retida naquele velho Tronco que os regava com saudade de paisagens que de algum modo os levavam de volta às suas origens. No fim a vontade de abraçar foi a única forma de agradecer que encontraram no seu vocabulário e o forte Embondeiro, acedendo, deixou-se abraçar. 
Depois de um passeio para conhecer as nossas árvores e anfiteatro natural da escola, o Professor concluiu a sua missão cívica com a oferta ao nosso Agrupamento do livro Natal Verde, 30 anos de postais de Jorge Paiva, continuando a esperar que da Escola nasça a mudança na preservação da Floresta e de de toda a Biodiversidade, da qual somos apenas uma frágil extensão. Conte connosco Professor!          
Prof. Ana Margarida Rodrigues